A experiência de degustar um vinho vai muito além do paladar, de acordo com Sidnei Piva de Jesus. Envolve o olfato, a visão, o tato e, mais recentemente, tem se explorado também o papel da audição. Será que a música que ouvimos enquanto apreciamos uma taça pode alterar nossa percepção do sabor? Diversos pesquisadores e enólogos têm investigado essa possibilidade, apontando que sons e ritmos podem, sim, interferir no modo como sentimos o vinho. Interessado em saber como? Descubra, nos próximos parágrafos.

A influência da música no sabor de um vinho
Diversos estudos em neurociência mostram que nossos sentidos trabalham de forma integrada. Ou seja, o cérebro não interpreta a música isoladamente do sabor, e sim como parte de um todo, como comenta o empresário Sidnei Piva de Jesus. Sons agudos, por exemplo, podem acentuar sensações como acidez, enquanto tons mais graves tendem a reforçar características como corpo e doçura. Dessa maneira, o ambiente sonoro pode “colorir” nossa experiência sensorial com o vinho.
Cientistas como Charles Spence, da Universidade de Oxford, defendem que a música influencia nosso paladar por meio da sinestesia, fenômeno que mistura percepções sensoriais. Assim, ao ouvir uma música leve e alegre, um vinho pode parecer mais suave. Já melodias densas e lentas tendem a realçar aspectos encorpados ou tânicos.
Quais são os estilos musicais que combinam com tipos de vinho?
Algumas harmonizações entre vinho e música já se tornaram queridinhas entre apreciadores e especialistas. Isto posto, com base em pesquisas e testes sensoriais, é possível fazer associações interessantes entre estilos musicais e tipos de vinho. Veja alguns exemplos:
- Jazz suave ou MPB: combinam bem com vinhos brancos leves, como Sauvignon Blanc, devido à leveza e elegância de ambos.
- Música clássica: ideal para vinhos tintos mais complexos, como um Bordeaux, por promover uma degustação mais contemplativa.
- Rock clássico: cai bem com vinhos intensos, como um Malbec argentino, que têm personalidade forte.
- Pop dançante: pode realçar o frescor e a vivacidade de espumantes e vinhos rosés.
Aliás, essas sugestões não são regras fixas, mas sim caminhos possíveis para enriquecer a experiência de degustação. No final, o mais importante é saber que o som e o sabor se complementam, criando uma atmosfera que favoreça a conexão com o momento.
Existe evidência científica para essa conexão?
Além das impressões subjetivas, a ciência tem buscado provas concretas da influência da música sobre o sabor, conforme menciona Sidnei Piva de Jesus. Um estudo da Heriot-Watt University, na Escócia, mostrou que participantes percebiam sabores diferentes no mesmo vinho dependendo da música ambiente.
Outra pesquisa, publicada no “British Journal of Psychology”, apontou que a música pode moldar expectativas sensoriais, ou seja, o que ouvimos antes de provar algo já prepara o cérebro para sentir determinados sabores. Assim sendo, essa antecipação modifica nossa percepção e pode tornar a experiência mais prazerosa.
Música e vinho: uma combinação perfeita para os sentidos
Em conclusão, ao unir vinho e música de maneira intencional, podemos transformar um simples momento em uma experiência memorável, como pontua o empresário Sidnei Piva de Jesus. Desse modo, harmonizar o que ouvimos com o que bebemos é uma forma de se conectar mais profundamente com ambos, permitindo que cada gole seja sentido de maneira mais rica. Portanto, para os amantes de vinho, vale a pena testar diferentes trilhas sonoras e observar como elas afetam a percepção do sabor.
Autor: Wright Hughes